Descoberto em 1992, em Suffolk, Reino Unido, desde o início da sua descoberta teve arqueólogos envolvidos, o que permitiu a preservação de todos os achados, inclusive minúsculos fragmentos de folhas de prata. O tesouro consiste em objetos de ouro e prata, jóias e moedas que foram envoltos em pedaços de tecidos e enterrados dentro de uma arca de madeira, praticamente inexistente.
As 14.780 moedas (565 de ouro, 14.191 de prata e 24 de bronze), produto de dezoito cunhagens diferentes, apresentam as efígies de oito imperadores. As moedas de ouro, chamadas solidus, foram cunhadas no metal com 99% de pureza e datam entre os anos 394 e 405 DC, quando o imperador Honório (384-423 DC), filho do imperador bizantino Teodósio (346-395 DC), reinou no Império Romano do Ocidente enquanto seu irmão Arcádio (377-408 DC) reinava no Império Romano do Oriente. Nenhuma das moedas de ouro tinha mais de 15 anos de cunhagem quando foram enterradas, estando em excelentes condições.
As moedas de prata (pequenas e finas na espessura, conhecidas como siliquae, no plural, valiam 1/24 do solidus; na antiga Roma, o ouro valia 14 vezes a prata) foram cunhadas entre os anos 358 DC and 408 DC e representam as efígies de 15 diferentes imperadores. Pelo menos 80% das siliquae perderam parte da sua circunferência, um fenômeno aparentemente ocorrido somente nas ilhas Britânicas, o que pode evidenciar a quebra da autoridade romana nessa parte do império. Mesmo com a retirada do metal as efígies foram mantidas, o que significa que estavam em circulação antes de serem enterradas e o que o metal retirado foi reutilizado em outras cunhagens ou em forjas.
Além das moedas, o tesouro também contém outras duzentas peças, jóias em ouro e utensílios de uso diário como colheres. As 29 peças de joalheria são todas em ouro puro (e contendo mais de 22 quilates) e incluem anéis, braceletes e colares, sendo uma das jóias mais bonitas um colar peitoral em forma de X, e em cujas intersecções (peito e costas) estão colocados broches decorativos, um feito com uma moeda de ouro contendo a efígie do imperador Flavio Graciano (359-383 DC) e o outro contendo uma ametista central, rodeada por oito gemas, sendo quatro granadas e, nos outros quatro lugares vazios, acredita-se que existiam pérolas. Este tipo de peça de joalheria, bastante antigo na história da joalheria, é um achado raro em sítios arqueológicos, todavia. Bem pequeno nas suas dimensões, só pode ter sido usado por uma jovem e magra mulher, provavelmente em seus primeiros anos de adolescência.
Fazendo parte dos dezenove braceletes encontrados estão dois conjuntos com quatro braceletes idênticos cada, um par de braceletes idênticos e outro bracelete, mais largo, para ser usado no antebraço. Alguns foram decorados com figuras de animais e de caçadores em baixo relevo, enquanto outros foram decorados com open-work em padrões geométricos ou imitando as tramas de uma cesta de vime. O bracelete mais interessante é o exemplar dedicado a sua dona, contendo a inscrição em latim Utere Felix Domina Juliana (Utilize Com Felicidade, Senhora Juliana). Este tipo de desejo de boa-sorte era comum na joalheria romana do último período imperial.
As peças em prata incluem setenta e oito colheres, além de vinte conchas para líquidos e outros pequenos objetos, incluindo a pequena escultura de um tigre, que possivelmente era a alça de um dos lados de uma ânfora de vinho, já que o tigre e outros animais felinos eram associados ao deus Baco. Algumas das colheres possuem inscrito o nome do seu proprietário, Aurelius Ursicinus. Envoltas em pedaços de tecido, junto com as colheres e as conchas, estavam quarto pimenteiras, uma das quais em forma de busto feminino e com um disco interno que permitia a pulverização dos grãos de pimenta.
O Tesouro de Hoxne faz parte do acervo do Museu Britânico de Londres, desde a sua descoberta.