A grandeza imperial, o refinamento e a opulência com os quais os Mughal, governantes da Índia entre 1526 e 1858, eram reconhecidos encontraram na joalheria sua expressão máxima.
A reputação da Índia como centro de produção joalheira, data de tempos antigos. Durante a Idade Média, as minas indianas em Golconda eram grandes produtoras de diamantes de alta qualidade. Através de rotas comerciais, rubis de Burma (atual Mianmar), espinélios do Badaquistão (região norte do Afeganistão), esmeraldas da Colômbia e safiras do Sri Lanka eram lapidadas e passavam a fazer parte de jóias maravilhosamente elaboradas.
Os ourives indianos dominavam a técnica de cravação de gemas conhecida como kundan (ouro puro em híndi), onde finíssimas folhas de ouro (24 quilates) eram colocadas juntas através de pressão e em temperatura ambiente, em volta das gemas, dispensando o uso de ferramentas de cravação. Esta técnica permitia uma incrível liberdade para os artesãos criarem seus designs e é ainda utilizada hoje em dia.
Na arte da lapidação, os artesãos indianos também obtinham distinção pela técnica de esculpir gemas mais duras, como o jade, o que agradava aos governantes Mughal, descendentes do conquistador mongol Timur (também conhecido por Tamerlane), que dominou uma vasta região da Índia no século XIV DC.
A maior e mais completa coleção de jóias Mughal está no Museu Nacional do Kuwait, e é chamada de Coleção al-Shabah graças ao Sheik Nasser e a sua esposa Hussah, membros da família real do Kuwait.
Na sua totalidade, a coleção al-Shabah compreende mais de 25.000 peças de arte islâmica datadas entre os séculos VII dC e o século XIX, sendo as mais de 300 jóias e objetos Mughal apenas uma parte desta vasta coleção. Criteriosa e apaixonadamente colecionadas ao longo de mais de três décadas pelo Sheik Nasser Sabah al-Ahmad al-Shabah, a fantástica coleção sobreviveu às vicissitudes da Guerra do Golfo de 1990, durante a qual uma grande parte do acervo do Museu Nacional do Kuwait, incluindo a coleção al-Shabah, foi levada em grandes caminhões para o Museu do Iraque em Bagdá, por um grupo de arqueólogos iraquianos obedecendo à ordens do governante do Iraque de então, Saddan Hussein. Grande parte das peças retiradas do Kuwait foi repatriada, através da ONU, mas alguns itens de alto valor e raridade continuam desaparecidos, como três raríssimas esmeraldas indianas esculpidas.
Algumas peças Mughal da coleção al-Shabah são dignas de nota: um espinélio entalhado com os títulos de vários proprietários pertencentes a dinastias islâmicas; esplêndidos ornamentos de uso pessoal, como o pendente em camafeu que retrata o imperador Shah Jahan ( idealizador e construtor do Taj-Mahal); uma fabulosa adaga incrustada de gemas; várias peças delicadamente esmaltadas; caixas feitas de jade e cristal-de-rocha, decoradas com gemas diversas; grandes rubis e esmeraldas entalhados com designs florais, além de outras gemas como safiras, espinélios e diamantes, belamente entalhados com designs diversos; delicadas esculturas em jade e magníficas jóias decoradas em esmaltes com a técnica inlay.
29 de jul. de 2008
A Coleção al-Shabah
Foto Museu Nacional do Kuwait
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2 comentários:
Oi,Julieta,
Fazendo algumas pesquisas sobre tiaras,encontrei seu blog..Muito bacana. Super informativo,interessante,carregado de história e cultura.
Parabéns.
Um abraço,
Isabela
Julieta,
Mais uma vez encantada,peço que por favor e auxilie: como posso visualizar as jóias na internet ?
Existe algum site que disponibiliza fotos ?
Parabéns e obrigada !
Alice Milasch
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