czar Pedro, o Grande |
30 de nov. de 2012
O Tesouro Imperial dos Romanov
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23 de nov. de 2012
Uma Paixão Transformada em Comenda
Rei Eduardo III |
A Ordem da Jarreteira é a mais alta e mais antiga comenda britânica e foi instituída pelo rei inglês Eduardo III em 1348. Ao criar a Ordem, composta pela pessoa do rei e por 25 cavaleiros, Eduardo III quis premiar e reconhecer os que se destacavam pela lealdade à Coroa e pelo mérito militar. Os primeiros a serem condecorados pelo rei com a Ordem da Jarreteira além do seu próprio filho, o príncipe de Gales (também conhecido na História pela alcunha de Príncipe Negro, devido à cor da sua armadura de batalha e ao seu valor militar), foram os cavaleiros que serviram nas campanhas inglesas em território francês, especialmente durante a famosa Batalha de Crécy, campanhas que iniciaram o conflito medieval entre Inglaterra e França que seria conhecido mais tarde como a Guerra dos Cem Anos e que foram motivadas pela reivindicação de Eduardo III ao trono da França. Todos os primeiros cavaleiros agraciados tinham idades que variavam dos dezessete aos trinta e poucos anos.
Rainha Philippa de Hainault |
Conta a História sobre a origem romântica da Ordem, uma jarreteira (ou liga) azul: O rei Eduardo III, coroado aos 14 anos, era filho de uma princesa francesa de nome Isabelle, mais tarde rainha da Inglaterra, com o rei inglês Eduardo II. Eduardo casou-se muito cedo, aos quase 15 anos, com seu primeiro amor, a princesa belga Philippa de Hainault, a quem era muito devotado e com quem teve 13 filhos.
Após anos de fidelidade no casamento, e já com uma esposa não muito atraente devido aos inúmeros partos, Eduardo III se apaixona por uma bela mulher casada, Joan, então condessa de Salisbury. Apesar de tentar várias vezes iniciar um romance com a condessa, que já estava no seu segundo casamento, o rei Eduardo via-se frustrado em todas as suas tentativas, mas continuava obstinadamente apaixonado por Joan.
Joan, condessa de Salisbury e de Kent |
Então, durante um banquete festivo em Calais, onde os ingleses celebravam sua conquista sobre a cidade francesa, o rei Eduardo III pede que a condessa o acompanhe numa dança. À contragosto, Joan aceita o pedido irrecusável do rei e começam a dançar na frente de toda a Corte e da rainha Phillippa, que estava presente. No meio da dança, uma das ligas que seguravam as meias de Joan se desata e cai no chão. Imediatamente, e para espanto de todos, o rei recolhe a liga azul do chão e a amarra abaixo do seu joelho esquerdo. Ante os murmúrios baixos de damas e cavalheiros presentes, Eduardo III pronuncia a frase que se tornaria mais tarde o lema da Ordem: “Honi Soit Quit Mal Y Pense” (maldito seja quem pensar mal).
A comenda da Ordem da Jarreteira é formada atualmente (durante os séculos foram feitas modificações no design inicial) por uma fita de veludo azul-escuro decorada com diamantes em lapidação brilhante (onde se pode ler o lema da Ordem) e por um broche em forma de estrela feito em ouro, que deve ser usado no lado esquerdo do peito, e decorado com diamantes, rubis e esmalte azul. |
O rei não conseguiu o coração de Joan, mas seu filho, o Príncipe Negro, sim. Mulher de beleza notável, Joan era dona de uma história afetiva conturbada. Seu primeiro casamento com o nobre Thomas Holland, realizado secretamente, foi considerado nulo por sua própria família e pelo rei na ausência de Holland, que viajara para a Prússia em busca de honras militares. Após a anulação, Joan é obrigada a se casar com William Montague, futuro conde de Salisbury e um dos amigos mais próximos do rei.
Mas seu primeiro marido, ao voltar da Prússia, pede a anulação deste segundo casamento ao Papa e Joan apóia o seu gesto, sendo por isso encarcerada num castelo pelo seu segundo marido, que só a liberta ao receber uma ordem papal. Thomas Holland, agora duque de Kent, e Joan voltam então a serem casados. Com a morte do duque e já com a fama de maior dama da cavalaria medieval, devido ao episódio da liga azul, Joan se casa com o Príncipe Negro, apaixonado por ela desde muitos anos e também envolto, devido às suas ações em batalha, em uma aura de herói da cavalaria. Joan torna-se mais tarde, com a morte do marido e príncipe de Gales - que morre antes de seu pai, o rei Eduardo III - mãe do próximo rei inglês, Ricardo II.
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1 de nov. de 2012
Uma Monumental e Misteriosa Caixa de Joias: A Sala de Âmbar
Tsarskoye Selo State Museum
Inaugurada em 2003 no 300º aniversário da
cidade de S. Petersburgo e uma das maravilhas da cultura russa e mundiais, a
atual Sala de Âmbar é o resultado fascinante do trabalho e da genialidade de 70
artesãos que,durante 25 anos e a partir de fotografias antigas, conseguiram
reconstituir a Sala de Âmbar original, cujos painéis de âmbar* e outros objetos
valiosos desapareceram do palácio Ekatarininsky, também conhecido como o "Palácio de Catarina",
nos caóticos meses finais da Segunda Guerra Mundial, para jamais serem
recuperados inteiramente.
A Sala de Âmbar original era uma das
obras-primas do século XVIII. Em 1716 o
rei da Prússia Frederico Guilherme I presenteou o czar Pedro, o Grande com 22
painéis para decorar uma sala de um dos palácios do monarca russo, em
celebração ao Tratado de Paz assinado entre Prússia e Rússia. Os painéis foram
feitos por um mosaico de mais de 100.000 peças esculpidas em âmbar. Dentre
estas, encontravam-se elaborados brasões
de armas, monogramas, paisagens e também cenas mitológicas. A Sala de Âmbar foi
inaugurada em 1755, após um elaborado trabalho conduzido pelo arquiteto
italiano Bartolomeo Rastrelli, responsável também pelas magnífica fachada em
estuque azul, branco e dourado ( cerca de 100 kg de ouro foram utilizados para
dourar entalhes nas paredes e também as várias estátuas erguidas no telhado) do
palácio Ekatarininsky, palácio em estilo barroco localizado na cidade de Pushkin ( então e ainda hoje conhecida como
“Tsarskoye Selo”, que significa Cidade do Czar), a 25 quilômetros de São
Petersburgo.
Durante quase 150 anos a Sala de Âmbar (
com 150 metros quadrados) serviu como suntuosa sala de representação dos czares
e czarinas, iluminada por 565 velas que a faziam brilhar como ouro. A magnífica
Sala serviu como sala de meditação privada para a czarina Elizabeth (filha de Pedro, o Grande), como local
para encontros do seu círculo íntimo para a czarina Catarina, a Grande e escritório predileto
para o czar Alexandre II. Conhecida como a “sala que brilha para fora”, era sem
dúvida a mais famosa sala à leste de Versailles.
Tsarskoye Selo State Museum
Tsarskoye Selo State Museum
O mistério sobre o paradeiro dos painéis e
objetos roubados da Sala de Âmbar original está diretamente relacionado com a
política nazista de Adolf Hitler para a então União Soviética (agora novamente
Rússia) que era a de, não só roubar sistemáticamente milhares de pinturas,
joias, ícones e outros tesouros, mas principalmente destruir sua cultura. E a
Sala de Âmbar era mais do que somente um troféu roubado, era a peça central do
plano nazista.
Em 22 de junho de 1941 Adolf Hitler inicia a
Operação Barbarossa, enviando 4,5 milhões de soldados
numa frente de 2.900 km através das fronteiras da União Soviética. Em 8
de setembro do mesmo ano a cidade de Leningrado ( antes São Petersburgo) estava
fortemente cercada pelo Exército do Norte ( para a Operação foram determinados
três grupos de exércitos: Norte, Centro e Sul), cada um liderado por generais
da confiança de Hitler. Em Pushkin, que já via cair suas defesas, autoridades
reuniram mulheres e crianças em uma frenética, desesperada e falida tentativa
para empacotar centenas de objetos da era czarista e transportar para as
Montanhas Urais. Mas, em relação ao que aconteceu com a Sala de Âmbar, ninguém
até hoje sabe explicar o porquê: em vez de desmontar os preciosos painéis, o
curador Anatoly Kuchumov preferiu
disfarçá-los sobre camadas de folhas de papel pintadas, gaze e algodão. Assim,
quando caíram as defesas soviéticas, tudos os objetos e painéis da suntuosa
Sala ficaram sob o controle de Alfred Rosenberg, um dos chefes e ideólogos do
Partido Nazista alemão.
Para Rosenberg, cuja missão era a de
purificar e exaltar a cultura germânica, o conteúdo da Sala Âmbar era decisivo
como fator argumentativo de que a cultura germânica era superior a todas as
outras, no caso não interessando que a sala foi instalada e embelezada pelo
italiano Rastrelli e que, dos seus
mestres-artesãos, um era francês e o outro, dinamarquês. Para Hitler
e seu círculo, o presente do rei prussiano Frederico Guilherme
representava a maestria dos artesãos alemães. Em novembro de 1941 todas as
milhares de peças que formavam a decoração da Sala já estavam catalogadas e
numeradas e, durante 36 horas, seis homens trabalharam para desmontar e
encaixotar todo seu o conteúdo. Os preciosos painéis que tinham chegado da
Prússia há quase 200 anos agora voltavam à Alemanha em um veículo militar. A
Operação Barbarossa, a maior operação militar da História em termos de número
forças militares envolvidas e de mortes,
foi um fracasso para Hitler, mas não a subtração de um dos maiores tesouros da
Rússia, que foi um sucesso.
Na Alemanha nazista, os painéis e todos os
objetos foram instalados no castelo-museu de
Königsberg, cidade alemã na costa do Mar Báltico e desde então sua
apresentação se tornou um sucesso de público. O diretor do museu, Alfred Rohde,
era um estudioso do âmbar e era conhecido por ficar horas admirando os painéis
e objetos roubados do palácio Ekatarininsky. Uma das “justificativas” para o
conteúdo da Sala estar na Alemanha era de que o antigo palácio de Catarina
tinha sido devastado pela guerra. Mas em 1943,
Rohde foi obrigado a desmontar os painéis e encaixotá-los: agora era a
vez da Alemanha ser invadida. Bombardeiros aliados bombardearam a cidade em
agosto, e o castelo-museu não foi polpado. Pela correspondência deixada pelo
curador do devastado museu, sabe-se que os painéis e objetos da Sala de Âmbar
sobreviveram ao ataque aliado. Mas pouco se sabe sobre eles além disso. Quando
o exército soviético chegou à Königsberg, Alfred Rohde e sua esposa decidiram
ficar na cidade. Interrogados durante dias pela KGB, jamais disseram onde o
tesouro de âmbar estava escondido. Passados alguns dias, as autoridades
soviéticas foram informadas de que o casal havia morrido de tifo, epidemia que
grassava pela cidade. Começava então o mistério do paradeiro das peças da Sala
de Âmbar : os corpos do casal dado como morto haviam sumido, assim como o
médico que havia assinado o certificado de óbito.
Durante os anos que se seguiram ao
bombardeio de Königsberg, várias teorias
para o desaparecimento dos objetos e painéis da Sala de Âmbar surgiram: Stalin
teria a posse dos objetos verdadeiros, enquanto que os alemães roubaram objetos
falsos; as peças foram enterradas em uma mina de sal pela Gestapo, que depois
matou os soldados envolvidos na operação e selou o local; as caixas com as
milhares de peças foram descobertas e vendidas aos soldados americanos; um
grupo pouco provável formado por negociantes de arte, ex-nazistas e
ex-militares soviéticos estaria de posse do tesouro; e ex-oficiais nazistas que
fugiram para o Brasil teriam dito que as caixas estavam escondidas em uma mina
de prata perto de Berlim.
Para aumentar a sensação do mistério da
Sala de Âmbar, algumas peças ressurgiram em anos recentes: em 1997, uma
operação policial na cidade alemã de Bremen encontrou quase a totalidade das
peças de um dos quatro painéis em mosaico florentino da Sala original. Os painéis,
decorados com ônix, ágata, opala e lápis-lazuli foram presenteados pela
imperatriz Maria Teresa da Áustria ao trono russo e simbolizavam, em sua
intrincada decoração, os Cinco Sentidos. As peças que estavam sendo vendidas
por um homem, filho de um soldado da Wermacht (exército alemão) da Segunda
Guerra Mundial, e que foram autenticadas como verdadeiras, faziam parte do
painel que combinava as alegorias do Tato e do Olfato. E em 2010, um caçador de
tesouros russo descobriu um bunker do alto comando alemão da Segunda Guerra em Kaliningrado, onde ele
acredita que está enterrado o tesouro da Sala de Âmbar.
Tsarskoye Selo State Museum
Tsarskoye Selo State Museum
*Âmbar – Gema orgânica ( gemas orgânicas podem
ser de origem animal ou vegetal) que é composta dos restos da resina de
pinheiros pré- históricos do Período Oligoceno, 30 milhões de anos atrás. Seus
maiores depósitos encontram-se nas regiões do Mar Báltico e são grandes
produtores mundiais de âmbar a Rússia, a Polônia e a Lituânia.
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12 de set. de 2012
A Vida e as Joias de La Paiva
Nascida em um gueto judeu moscovita da Rússia de 1819, Esther Lachman, dita Thérèse Lachman, ascendeu socialmente na França de Napoleão III como cortesã. Época chamada de Período Dourado pelos que a vivenciaram, a Europa sem guerras a partir de 1815 viu chegar uma era de prosperidade, tanto na economia e na ciência quanto nas diversas formas de artes. Tal prosperidade não era mais somente um privilégio da classe nobre, mas se estendeu também às novas fortunas surgidas com a Revolução Industrial e que usavam as extravagâncias do luxo como forma de demonstrar poder.
Contemporânea de outra famosa cortesã, Alphonsine Duplessis - imortalizada por Dumas como a Dama das Camélias- Thérèse tinha uma beleza exótica (cabelos negros emoldurando um rosto de traços mongóis), era esperta, incrivelmente ambiciosa e sem escrúpulos e foi em Paris que desenvolveu sua paixão pelo luxo e por jóias.
Casada aos 17 anos com um peleteiro de nome Antoine Villoing, com quem teve um filho, logo se cansou da vida simples de mulher de um pequeno comerciante de peles e abandonou filho e marido para viver e trabalhar em um bordel de luxo no Marais que tinha como clientes ricos comerciantes, nobres e artistas, como o compositor Richard Wagner.
Em três anos, Thérèse já possuía vários vestidos luxuosos e algumas jóias e peles, dadas de presente pelo seu amante mais apaixonado, o inglês Lord Stanley. Com a morte do primeiro marido, passou a procurar um segundo e o encontrou na pessoa do marquês português Albino Francisco de Paiva Araújo, que não imaginava exatamente o movimentado passado amoroso da agora marquesa de Paiva, ou La Paiva, como Thérèse passou a ser conhecida na sociedade. Frustrado e com vergonha ao descobrir detalhes do passado da esposa, suicidou-se com um tiro em 1872.
Após a morte do segundo marido, La Paiva casou-se com o conde prussiano Guido Henkel Von Donnersmarck, imensamente rico, de família da alta nobreza e amigo do imperador alemão, além de 11 anos mais moço. Como condessa, apesar da sociedade parisiense jamais ter cruzado os umbrais dos belíssimos portões da mansão do conde na Avenida Champs Elysée, Thérèse finalmente atingiu o patamar máximo da sua ambição e passou a experimentar todos os luxos ainda não desfrutados.
Tornou-se uma das mais assíduas clientes da Maison Boucheron e, entre 1878 e 1883, fez exatamente 30 visitas, nas quais adquiria gemas que depois entregava à própria Maison para que fossem feitas jóias de acordo com seu gosto, ou então comprava várias peças prontas de uma só vez. Uma de suas mais memoráveis aquisições aconteceu em 1882, quando comprou por 157.000 francos (em valores da época) pérolas, esmeraldas, rubis e safiras, para no dia seguinte voltar à Boucheron e encomendar a montagem de várias jóias, dentre as quais um bracelete decorado com três grandes esmeraldas, uma rivière contendo 12 diamantes e 13 rubis e outra contendo 15 diamantes lapidados em brilhante e 15 esmeraldas em lapidação esmeralda. Esta última rivière foi levada à leilão pela Christie`s de Genebra, Suíça, em 15 de novembro de 2007, e arrematada por um milhão de novecentos mil Euros.
La Paiva morreu em 1884, aos 64 anos, no castelo de seu marido, em Neudeck, Alemanha. Em 1887, o conde casou-se novamente, desta vez com uma jovem aristocrata russa, Katharina Slepzow, a quem presenteou com a maior parte das jóias pertencentes à primeira esposa.
Thérèse continuou a surpreender mesmo depois de sua morte: seu corpo, embalsamado numa solução alcoólica dentro de um enorme jarro de vidro, foi descoberto pela segunda esposa do Conde Von Donnersmarck num quarto que permanecia há anos fechado à chave, dentro do castelo. Conta-se que o conde ficava trancado por horas dentro do quarto, chorando a morte de La Paiva..
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18 de jul. de 2012
A Fascinante História do Diamante Hope
Foto Instituto Smithsonian |
Adquirido na Índia no século XVII pelo
negociante de gemas francês Jean-Baptiste Tavernier, o diamante de profunda cor
azul-acinzentada pesava 112 quilates e foi, muito provavelmente, extraído da
mina indiana Kollur, Golconda. Uma lenda surgida no mesmo século, contava
que sobre o diamante pesava uma maldição, já que o mesmo teria sido roubado de
um ídolo hindu e que quem o possuísse teria um destino terrível.
Marquesa de Monstespan |
O
diamante foi levado por Tavernier para Paris, onde foi lapidado em formato de
pera triangular, o que enfatizou o seu tamanho, mas não o seu brilho. Pouco
depois, foi vendido ao rei Luís XIV para ser presenteado a sua amante de então,
a Marquesa de Montespan que, um tempo depois, caiu em desgraça por ter seu nome
envolvido juntamente com outros nobres
da Corte francesa, num enorme escândalo ocorrido em Paris
entre 1670-1682, conhecido como o Caso dos Venenos. Com o afastamento total a
que submeteu a amante, já que por sua posição não poderia ser executada e nem
presa como muitos o foram, Luís XIV ordenou que o diamante passasse a
fazer parte das joias da Coroa da França. Em 1673, Luís XIV decidiu mandar
relapidar o diamante para aumentar seu brilho. A gema passou a pesar então 67,125 quilates e o rei nomeou-a, oficialmente, “Diamante Azul da Coroa” e
frequentemente o usava pendurado ao pescoço, preso por uma longa fita. Tavernier, tornado nobre pelo rei francês, morreu na Rússia, aos
84 anos, de causas desconhecidas ( diz a lenda que foi devorado por cães
selvagens..).
Luís XIV |
Luís
XIV, o Rei Sol, morreu de gangrena poucos dias antes de completar 77 anos,
tendo assistido a todos os seus filhos e netos legítimos morrerem antes dele.
Quem assumiu o trono francês após sua morte foi seu bisneto duque d’Anjou, como
Luís XV. Este mandou o joalheiro real colocar o diamante na joia conhecida como
Ordem do Tosão de Ouro, junto a um espinélio (acreditava-se então ser um rubi)
conhecido como “Cote de Bretagne”. Luís XV teve um reinado longo, mas fracassou
em solucionar os graves problemas financeiros surgidos em fins do seu reinado,
deixando para seu neto e sucessor, Luís XVI, um
governo insolvente.
Durante a Revolução Francesa, as Joias da Coroa da França, incluindo o
diamante, foram tiradas do casal real depois da tentativa de fuga fracassada da
França, conhecida como Noite de Varennes, em 1791. As joias foram colocadas no
prédio conhecido então como Garde-Meuble (atual sede do Ministério da Marinha
francesa), mas no mês de setembro do mesmo ano o prédio foi roubado durante
quatro dias seguidos. Uma parte das joias foi recuperada, mas dentre as que
não foram estava o belíssimo diamante azul. Luís XVI e sua rainha Maria Antonieta, que usou
o diamante em várias montagens de joias, incluindo-o até em seus elaborados e
famosos penteados, morreram na guilhotina. Deixaram um filho pequeno como
herdeiro do trono francês que morreu com sete anos, provavelmente devido à fome
e maus tratos.
Desaparecido durante anos, o diamante ressurgiu em 1813, agora pesando
44,50 quilates e com uma lapidação diferente, no mercado inglês e em 1823 seu proprietário
era um joalheiro de nome Daniel Eliason. Há evidências de que o rei inglês
George IV o comprou do joalheiro e, após sua morte o diamante foi vendido para
ajudar a pagar os débitos do monarca.
Em
1839, o diamante foi comprado pelo banqueiro britânico Henry Thomas Hope que comissionou
a Maison Cartier para criar uma joia para ele. O diamante azul passou, então, a
ser conhecido pelo sobrenome do banqueiro, nome que carrega até os dias de
hoje. Mais tarde, a gema foi herdada
pelo seu descendente Lord Francis Clinton, que foi à falência.
Então, e mais uma vez, a gema trocou de mãos. Seu proprietário seguinte
foi o imperador otomano Abdul Hamid II. O diamante foi dado a uma de suas
quatro esposas oficiais, Subaya, mais tarde executada por suspeita de
conspiração contra o marido. O imperador perdeu o trono e também o diamante,
que tinha sido secretamente enviado à Paris para ser vendido a Pierre Cartier.
Evalyn Walsh McLean |
Em 1912,
o diamante azul foi comprado da Maison Cartier por 180.000 dólares - uma alta soma
à época- por Evalyn Walsh McLean, que já conhecia o diamante ao visitar
anteriormente a corte otomana. A milionária herdeira americana o mandou
remontar pela mesma joalheria francesa, primeiramente em uma tiara com outros
16 diamantes brancos. O diamante passou a pesar, então 45,52
quilates. Mais tarde a tiara tornou-se um pendente, também desenhado
pela Cartier, que aproveitou os diamantes brancos na montagem da joia, feita em
platina.
Em
1949, dois anos após a morte da senhora McLean a gema, que fazia parte da
chamada Coleção McLean compondo um colar com juntamente com 62 diamantes
brancos foi comprada pelo joalheiro Harry Winston e doada ao governo dos EUA
pelo joalheiro em 1958. O diamante Hope deixou o Instituto Smithsonian somente
por quatro vezes, desde que foi doado: Em 1962 participou de uma exibição no
Museu do Louvre, em Paris, intitulada “Cem Séculos de Joalheria Francesa”; Em
1965 foi exibido em Johannesburg, África do Sul; Em 1984 o diamante foi
emprestado à joalheria Harry Winston para a celebração dos 50 anos da marca e
exibido no Museu Metropolitano de Arte de Nova York; em 1996 voltou novamente
às mãos da joalheria para limpeza e pequenos trabalhos de restauração no set da
gema.
Foto Associated Press |
Em
2009, para celebrar o 50º aniversário do diamante no Instituto Smithsonian, a
joalheria Harry Winston desenhou (na verdade foram três designs, dos quais foi
escolhido o que mais se adequava aos propósitos da celebração) um novo set para
o colar, chamado “Embracing Hope” (tradução literal= abraçando o Hope,
palavra que quer dizer esperança em inglês, tendo sido usado um jogo de
palavras, já que por 10 anos o Hope, ainda de posse da joalheria Harry Winston,
foi exibido ao redor do mundo com os fundos arrecadados revertidos à projetos
de caridade). O diamante ficou no novo set em até 2011, quando retornou ao set
em que foi doado. O diamante é exibido
permanentemente no Instituto Smithsonian-Museu Nacional de História Natural, em
Washington, EUA, onde permanece, em giro lento dentro da sua vitrine, sendo
observado e observando...
16 de mai. de 2012
O diamante Beau Sancy
foto Sotheby`s
O diamante conhecido como Beau (belo) Sancy é um dos mais importantes diamantes históricos existentes. Lapidado em forma de pera e com 34,98 quilates, esteve nas joias das famílias reais da França, Inglaterra, Prússia e Holanda, testemunhando 400 anos da história européia.
O
diamante apareceu em registros pela primeira vez em 1595, quando o Senhor de Sancy, Nicolas
Harlay de Sancy, futuro Ministro das Finanças do rei francês Henrique IV
(1553-1610), o colocou à venda. Comprado em Constantinopla em meados do século XVI, o diamante muito provavelmente é originário das minas localizadas perto da cidade de Golconda, Índia e que foram fontes de outros diamantes espetaculares, como o Hope, o Regente e o Koh-i-Noor.
Em 1604 ele foi comprado por Henrique IV como um presente a sua segunda esposa e rainha, Maria de Médicis (1575-1642) por 25.000 escudos de ouro (apesar de ter sido estimado pelo dobro
deste valor) para ser colocado no alto da coroa usada quando da coroação da rainha em 1610.
Após o assassinato de Henrique IV por Ravaillac, Maria de Médicis é exilada pelo próprio filho, o novo rei francês Luis XIII que tinha como primeiro-ministro o Cardeal Richelieu, inimigo da rainha, no Château de Blois. Depois de várias reviravoltas políticas, pois Maria De Médicis queria a todo custo voltar a ter poder político na França, em julho de 1631 a rainha-mãe foge para Bruxelas. Desgastada por causa das tramas empreendidas para sua volta triunfal à França, o que nunca ocorreu, em 1638 Maria de Médicis vai para a Inglaterra na esperança de ser ajudada pelo genro Carlos I (1600-1649), casado com sua filha Henriqueta Maria. Maria de Médicis foi recebida na corte inglesa com uma pensão substancial. Como era católica, logo despertou a ira dos protestantes ingleses, que em 1641 exigiram a sua partida. A rainha-mãe francesa viaja então primeiro para os Países Baixos onde, cheia de dívidas, vende o Beau Sancy para o príncipe Frederico Henrique de Orange-Nassau (1584-1647) por 80.000 florins e depois parte então para seu último destino, a cidade de Colônia, Alemanha, onde fica hospedada na casa do pintor Pedro Paulo Rubens até sua morte.
Em 1641, o diamante é usado para reforçar as alianças das províncias unidas holandesas com os grandes poderes políticos europeus: o casamento do filho do príncipe Frederico Henrique, Guilherme ( mais tarde Guilherme II de Orange-Nassau (1631-1660) com a princesa Maria Stuart, filha dos reis da Inglaterra e neta de Maria de Médicis. Após a morte do marido, Maria Stuart volta para a Inglaterra com suas joias, incluindo o Belo Sancy.
Em 1677, pela ocasião do casamento de Guilherme III de Orange-Nassau (1650-1702) com a princesa Maria II Stuart, filha do rei inglês Jaime II, o diamante Belo Sancy entra novamente para o tesouro da Casa de Orange-Nassau. Em 1689, Guilherme III e Maria II Stuart ascendem ao trono inglês e o diamante passa a fazer parte da joias da Coroa inglesa. Quando os reis morrem sem deixar herdeiros, o diamante volta para a Casa de Orange-Nassau.
Em 1702, em consequência de uma disputa entre os herdeiros da Casa de Orange, o recém-coroado Frederico II de
Hohenzollern (1712-1786), primeiro rei da Prússia, desiste de todas as joias do seu legado para obter o Belo Sancy. O valor simbólico e o prestígio da já célebre gema é tamanho que o rei o torna o principal ornamento na coroa real da Prússia e o associa com a primeira ordem prussiana, a Ordem da Águia Negra.
Maior gema da Coleção dos Hohenzollern , o Beau Sancy passou de geração em geração dentro da mesma família até maio de 2012 e foi usado pelas mulheres da casa real em importantes ocasiões.
Quando o último imperador alemão e também rei da Prússia fugiu em 1918 para o exílio nos Países Baixos, as joias da coroa e o Beau Sancy permaneceram em Berlim. No final da Segunda Guerra Mundial a coleção foi transferida para um cofre em Bückeburg, onde foi encontrada pelas tropas inglesas e devolvida aos Hohenzollern . Depois da guerra, passou pelos herdeiros da finada casa real da Prússia até ser herdado pelo príncipe George Frederico Hohenzollern , que decidiu o entregar a Sotheby`s para leilão.
Em 15 de maio de 2012, o Beau Sancy foi vendido pela famosa casa de leilão em Genebra, Suíça, por quase dez milhões de dólares ( exatos 9.699.618,00 dólares), valor alcançado bem acima dos valores estimados de venda (entre 2-4 milhões de dólares) a um comprador anônimo, cujo lance foi dado pelo telefone.
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