czar Pedro, o Grande |
30 de nov. de 2012
O Tesouro Imperial dos Romanov
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23 de nov. de 2012
Uma Paixão Transformada em Comenda
Rei Eduardo III |
A Ordem da Jarreteira é a mais alta e mais antiga comenda britânica e foi instituída pelo rei inglês Eduardo III em 1348. Ao criar a Ordem, composta pela pessoa do rei e por 25 cavaleiros, Eduardo III quis premiar e reconhecer os que se destacavam pela lealdade à Coroa e pelo mérito militar. Os primeiros a serem condecorados pelo rei com a Ordem da Jarreteira além do seu próprio filho, o príncipe de Gales (também conhecido na História pela alcunha de Príncipe Negro, devido à cor da sua armadura de batalha e ao seu valor militar), foram os cavaleiros que serviram nas campanhas inglesas em território francês, especialmente durante a famosa Batalha de Crécy, campanhas que iniciaram o conflito medieval entre Inglaterra e França que seria conhecido mais tarde como a Guerra dos Cem Anos e que foram motivadas pela reivindicação de Eduardo III ao trono da França. Todos os primeiros cavaleiros agraciados tinham idades que variavam dos dezessete aos trinta e poucos anos.
Rainha Philippa de Hainault |
Conta a História sobre a origem romântica da Ordem, uma jarreteira (ou liga) azul: O rei Eduardo III, coroado aos 14 anos, era filho de uma princesa francesa de nome Isabelle, mais tarde rainha da Inglaterra, com o rei inglês Eduardo II. Eduardo casou-se muito cedo, aos quase 15 anos, com seu primeiro amor, a princesa belga Philippa de Hainault, a quem era muito devotado e com quem teve 13 filhos.
Após anos de fidelidade no casamento, e já com uma esposa não muito atraente devido aos inúmeros partos, Eduardo III se apaixona por uma bela mulher casada, Joan, então condessa de Salisbury. Apesar de tentar várias vezes iniciar um romance com a condessa, que já estava no seu segundo casamento, o rei Eduardo via-se frustrado em todas as suas tentativas, mas continuava obstinadamente apaixonado por Joan.
Joan, condessa de Salisbury e de Kent |
Então, durante um banquete festivo em Calais, onde os ingleses celebravam sua conquista sobre a cidade francesa, o rei Eduardo III pede que a condessa o acompanhe numa dança. À contragosto, Joan aceita o pedido irrecusável do rei e começam a dançar na frente de toda a Corte e da rainha Phillippa, que estava presente. No meio da dança, uma das ligas que seguravam as meias de Joan se desata e cai no chão. Imediatamente, e para espanto de todos, o rei recolhe a liga azul do chão e a amarra abaixo do seu joelho esquerdo. Ante os murmúrios baixos de damas e cavalheiros presentes, Eduardo III pronuncia a frase que se tornaria mais tarde o lema da Ordem: “Honi Soit Quit Mal Y Pense” (maldito seja quem pensar mal).
A comenda da Ordem da Jarreteira é formada atualmente (durante os séculos foram feitas modificações no design inicial) por uma fita de veludo azul-escuro decorada com diamantes em lapidação brilhante (onde se pode ler o lema da Ordem) e por um broche em forma de estrela feito em ouro, que deve ser usado no lado esquerdo do peito, e decorado com diamantes, rubis e esmalte azul. |
O rei não conseguiu o coração de Joan, mas seu filho, o Príncipe Negro, sim. Mulher de beleza notável, Joan era dona de uma história afetiva conturbada. Seu primeiro casamento com o nobre Thomas Holland, realizado secretamente, foi considerado nulo por sua própria família e pelo rei na ausência de Holland, que viajara para a Prússia em busca de honras militares. Após a anulação, Joan é obrigada a se casar com William Montague, futuro conde de Salisbury e um dos amigos mais próximos do rei.
Mas seu primeiro marido, ao voltar da Prússia, pede a anulação deste segundo casamento ao Papa e Joan apóia o seu gesto, sendo por isso encarcerada num castelo pelo seu segundo marido, que só a liberta ao receber uma ordem papal. Thomas Holland, agora duque de Kent, e Joan voltam então a serem casados. Com a morte do duque e já com a fama de maior dama da cavalaria medieval, devido ao episódio da liga azul, Joan se casa com o Príncipe Negro, apaixonado por ela desde muitos anos e também envolto, devido às suas ações em batalha, em uma aura de herói da cavalaria. Joan torna-se mais tarde, com a morte do marido e príncipe de Gales - que morre antes de seu pai, o rei Eduardo III - mãe do próximo rei inglês, Ricardo II.
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1 de nov. de 2012
Uma Monumental e Misteriosa Caixa de Joias: A Sala de Âmbar
Tsarskoye Selo State Museum
Inaugurada em 2003 no 300º aniversário da
cidade de S. Petersburgo e uma das maravilhas da cultura russa e mundiais, a
atual Sala de Âmbar é o resultado fascinante do trabalho e da genialidade de 70
artesãos que,durante 25 anos e a partir de fotografias antigas, conseguiram
reconstituir a Sala de Âmbar original, cujos painéis de âmbar* e outros objetos
valiosos desapareceram do palácio Ekatarininsky, também conhecido como o "Palácio de Catarina",
nos caóticos meses finais da Segunda Guerra Mundial, para jamais serem
recuperados inteiramente.
A Sala de Âmbar original era uma das
obras-primas do século XVIII. Em 1716 o
rei da Prússia Frederico Guilherme I presenteou o czar Pedro, o Grande com 22
painéis para decorar uma sala de um dos palácios do monarca russo, em
celebração ao Tratado de Paz assinado entre Prússia e Rússia. Os painéis foram
feitos por um mosaico de mais de 100.000 peças esculpidas em âmbar. Dentre
estas, encontravam-se elaborados brasões
de armas, monogramas, paisagens e também cenas mitológicas. A Sala de Âmbar foi
inaugurada em 1755, após um elaborado trabalho conduzido pelo arquiteto
italiano Bartolomeo Rastrelli, responsável também pelas magnífica fachada em
estuque azul, branco e dourado ( cerca de 100 kg de ouro foram utilizados para
dourar entalhes nas paredes e também as várias estátuas erguidas no telhado) do
palácio Ekatarininsky, palácio em estilo barroco localizado na cidade de Pushkin ( então e ainda hoje conhecida como
“Tsarskoye Selo”, que significa Cidade do Czar), a 25 quilômetros de São
Petersburgo.
Durante quase 150 anos a Sala de Âmbar (
com 150 metros quadrados) serviu como suntuosa sala de representação dos czares
e czarinas, iluminada por 565 velas que a faziam brilhar como ouro. A magnífica
Sala serviu como sala de meditação privada para a czarina Elizabeth (filha de Pedro, o Grande), como local
para encontros do seu círculo íntimo para a czarina Catarina, a Grande e escritório predileto
para o czar Alexandre II. Conhecida como a “sala que brilha para fora”, era sem
dúvida a mais famosa sala à leste de Versailles.
Tsarskoye Selo State Museum
Tsarskoye Selo State Museum
O mistério sobre o paradeiro dos painéis e
objetos roubados da Sala de Âmbar original está diretamente relacionado com a
política nazista de Adolf Hitler para a então União Soviética (agora novamente
Rússia) que era a de, não só roubar sistemáticamente milhares de pinturas,
joias, ícones e outros tesouros, mas principalmente destruir sua cultura. E a
Sala de Âmbar era mais do que somente um troféu roubado, era a peça central do
plano nazista.
Em 22 de junho de 1941 Adolf Hitler inicia a
Operação Barbarossa, enviando 4,5 milhões de soldados
numa frente de 2.900 km através das fronteiras da União Soviética. Em 8
de setembro do mesmo ano a cidade de Leningrado ( antes São Petersburgo) estava
fortemente cercada pelo Exército do Norte ( para a Operação foram determinados
três grupos de exércitos: Norte, Centro e Sul), cada um liderado por generais
da confiança de Hitler. Em Pushkin, que já via cair suas defesas, autoridades
reuniram mulheres e crianças em uma frenética, desesperada e falida tentativa
para empacotar centenas de objetos da era czarista e transportar para as
Montanhas Urais. Mas, em relação ao que aconteceu com a Sala de Âmbar, ninguém
até hoje sabe explicar o porquê: em vez de desmontar os preciosos painéis, o
curador Anatoly Kuchumov preferiu
disfarçá-los sobre camadas de folhas de papel pintadas, gaze e algodão. Assim,
quando caíram as defesas soviéticas, tudos os objetos e painéis da suntuosa
Sala ficaram sob o controle de Alfred Rosenberg, um dos chefes e ideólogos do
Partido Nazista alemão.
Para Rosenberg, cuja missão era a de
purificar e exaltar a cultura germânica, o conteúdo da Sala Âmbar era decisivo
como fator argumentativo de que a cultura germânica era superior a todas as
outras, no caso não interessando que a sala foi instalada e embelezada pelo
italiano Rastrelli e que, dos seus
mestres-artesãos, um era francês e o outro, dinamarquês. Para Hitler
e seu círculo, o presente do rei prussiano Frederico Guilherme
representava a maestria dos artesãos alemães. Em novembro de 1941 todas as
milhares de peças que formavam a decoração da Sala já estavam catalogadas e
numeradas e, durante 36 horas, seis homens trabalharam para desmontar e
encaixotar todo seu o conteúdo. Os preciosos painéis que tinham chegado da
Prússia há quase 200 anos agora voltavam à Alemanha em um veículo militar. A
Operação Barbarossa, a maior operação militar da História em termos de número
forças militares envolvidas e de mortes,
foi um fracasso para Hitler, mas não a subtração de um dos maiores tesouros da
Rússia, que foi um sucesso.
Na Alemanha nazista, os painéis e todos os
objetos foram instalados no castelo-museu de
Königsberg, cidade alemã na costa do Mar Báltico e desde então sua
apresentação se tornou um sucesso de público. O diretor do museu, Alfred Rohde,
era um estudioso do âmbar e era conhecido por ficar horas admirando os painéis
e objetos roubados do palácio Ekatarininsky. Uma das “justificativas” para o
conteúdo da Sala estar na Alemanha era de que o antigo palácio de Catarina
tinha sido devastado pela guerra. Mas em 1943,
Rohde foi obrigado a desmontar os painéis e encaixotá-los: agora era a
vez da Alemanha ser invadida. Bombardeiros aliados bombardearam a cidade em
agosto, e o castelo-museu não foi polpado. Pela correspondência deixada pelo
curador do devastado museu, sabe-se que os painéis e objetos da Sala de Âmbar
sobreviveram ao ataque aliado. Mas pouco se sabe sobre eles além disso. Quando
o exército soviético chegou à Königsberg, Alfred Rohde e sua esposa decidiram
ficar na cidade. Interrogados durante dias pela KGB, jamais disseram onde o
tesouro de âmbar estava escondido. Passados alguns dias, as autoridades
soviéticas foram informadas de que o casal havia morrido de tifo, epidemia que
grassava pela cidade. Começava então o mistério do paradeiro das peças da Sala
de Âmbar : os corpos do casal dado como morto haviam sumido, assim como o
médico que havia assinado o certificado de óbito.
Durante os anos que se seguiram ao
bombardeio de Königsberg, várias teorias
para o desaparecimento dos objetos e painéis da Sala de Âmbar surgiram: Stalin
teria a posse dos objetos verdadeiros, enquanto que os alemães roubaram objetos
falsos; as peças foram enterradas em uma mina de sal pela Gestapo, que depois
matou os soldados envolvidos na operação e selou o local; as caixas com as
milhares de peças foram descobertas e vendidas aos soldados americanos; um
grupo pouco provável formado por negociantes de arte, ex-nazistas e
ex-militares soviéticos estaria de posse do tesouro; e ex-oficiais nazistas que
fugiram para o Brasil teriam dito que as caixas estavam escondidas em uma mina
de prata perto de Berlim.
Para aumentar a sensação do mistério da
Sala de Âmbar, algumas peças ressurgiram em anos recentes: em 1997, uma
operação policial na cidade alemã de Bremen encontrou quase a totalidade das
peças de um dos quatro painéis em mosaico florentino da Sala original. Os painéis,
decorados com ônix, ágata, opala e lápis-lazuli foram presenteados pela
imperatriz Maria Teresa da Áustria ao trono russo e simbolizavam, em sua
intrincada decoração, os Cinco Sentidos. As peças que estavam sendo vendidas
por um homem, filho de um soldado da Wermacht (exército alemão) da Segunda
Guerra Mundial, e que foram autenticadas como verdadeiras, faziam parte do
painel que combinava as alegorias do Tato e do Olfato. E em 2010, um caçador de
tesouros russo descobriu um bunker do alto comando alemão da Segunda Guerra em Kaliningrado, onde ele
acredita que está enterrado o tesouro da Sala de Âmbar.
Tsarskoye Selo State Museum
Tsarskoye Selo State Museum
*Âmbar – Gema orgânica ( gemas orgânicas podem
ser de origem animal ou vegetal) que é composta dos restos da resina de
pinheiros pré- históricos do Período Oligoceno, 30 milhões de anos atrás. Seus
maiores depósitos encontram-se nas regiões do Mar Báltico e são grandes
produtores mundiais de âmbar a Rússia, a Polônia e a Lituânia.
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