Jiskairumoko é um sítio arqueológico pré-colombiano situado a 54 km a sudoeste de Puno e a 4.115 metros acima do nível do mar, nos Andes peruanos perto do lago Titicaca. Os vestígios encontrados no local indicam que a ocupação mais antiga data do Período Arcaico (8.000 - 1000 AC), que foi o segundo período de ocupação humana nas Américas.
Cientistas e arqueólogos da Universidade do Arizona, EUA, descobriram o que é, até agora, a mais antiga peça de adorno em ouro das Américas, com cerca de 4.000 anos de idade. O ouro tem sido desde milhares de séculos um símbolo de status, poder e prestígio social. O achado sugere que mesmo grupos humanos com limitados recursos reconheciam o valor do metal como símbolo de status. Os habitantes do sítio arqueológico de Jiskairumoko viveram entre 5.400 e 4.000 AC e foram caçadores em sua maioria e sua agricultura era incipiente.
O adorno em ouro, um colar feito de contas de ouro e de turquesa, foi encontrado em um túmulo que deve ter pertencido a alguém de elevada posição na comunidade. A metalurgia do ouro sempre foi associada às sociedades que tinha suas agriculturas aprimoradas e que continham uma ordem social cujo comando era baseado na hereditariedade da elite. A arte da joalheria requer tempo, capacidades técnicas e criativas e meios suficientes para a aquisição de materiais como metais nobres e gemas, sendo então um segmento fora do alcance de sociedades que viviam da subsistência. A grande surpresa em relação à Jiskairumoko é a de que todos os indícios encontrados no sítio arqueológico sugerem que os achados pertencem a uma simples vila, sem grande estratificação social.
O ourives criou o colar de contas de ouro e turquesas martelando o ouro até formar uma folha fina o suficiente para permitir a confecção de pequenas contas cilíndricas. As nove contas em ouro são intercaladas com pequenas pedras verdes e uma turquesa ao centro da peça. Tais materiais, ouro e turquesa, não são acessíveis na região do sítio arqueológico, tendo sido claro então que foi necessária uma viagem, ou uma troca comercial para a aquisição do metal e da gema, ou quem sabe do próprio colar já finalizado.
O colar achado em Jiskairumoko sustenta a hipótese de que desde muito cedo na linha do tempo, a metalurgia nos Andes já era feita com o ouro e também possibilita conjeturas sobre a maneira como as sociedades andinas mais remotas organizavam a vida cotidiana, em termos de comércio, vida social e relações de poder.
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